1. Literatura Juvenil e Jovem
Preparado pelo Depto. de Educação da Associação Geral
Texto editado pelo Departamento de Educação da UEB em janeiro de 2006.
A literatura e seu uso nas escolas adventistas tem discussão garantida em reuniões de professores. Com o propósito de esclarecer a posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia, uma comissão de representantes de diferentes segmentos da área educativa preparou um documento, como recomendação.
Depois de estudada pelo Concílio Anual e, sofrer pequenas alterações, foi tomado o voto final para que o Departamento de Educação execute os termos da declaração de princípios em todas as escolas e níveis.
Assim o conteúdo deste “Guia” baseia-se nesta Declaração, com o propósito de orientar o ensino da literatura em nossas instituições educacionais.
O grande objetivo do mestre deve ser o aperfeiçoamento do caráter cristão em si mesmo e em seus alunos. Mestres que vossas lâmpadas estejam espevitadas e ardendo, e assim, serão luz. Não somente para os vossos alunos, mas difundirão claros e distintos raios para os lares, vizinhos desses alunos, banindo, para muito além, as trevas morais do mundo.
Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. P.62
Charles B. Hirsch
Diretor do Departamento de Educação da A. G.
Filosofia
A literatura em geral, expressa as impressões do homem sobre seu mundo, assim como as aspirações, pensamentos, realizações, quer sejam bons ou maus.
A escolha da literatura, especialmente nos colégios adventistas, deve objetivar o desenvolvimento do homem. Desta forma, os textos poderão expressar-se através de poesia ou prosa, basear-se em fatos ou ficção, provenientes de fontes seculares ou religiosas.
Enfim, a literatura deve abranger uma visão panorâmica do universo, a resolução de problemas fundamentais e responder problemas relacionados com a origem, natureza e destino do homem, ressaltando os valores, a virtude e o belo.
Além do mais, o estudo da literatura deve apoiar-se na premissa fundamental de que Deus é o Criador, aquele que sustenta a terra, o universo e é fonte de todo o conhecimento e sabedoria.
A apresentação das obras literárias deve confirmar a verdade de que Deus criou o homem à sua imagem. Também deve focalizar que esta imagem se deteriorou por causa do pecado. Mas pela fé em Cristo, ela será totalmente restaurada. Deve, finalmente, desenvolver no aluno o desejo de servir Deus e a humanidade.
A filosofia educacional dos adventistas do sétimo dia sustém que o conhecimento de Deus pode ser obtido através do ensino das revelações divinas. De sua natureza e de seus propósitos.
Estudar obras literárias seculares, segundo Ellen White, é uma atividade legítima das escolas adventistas, porém, tanto os textos que se baseiam em fatos reais ou ficção, devem ser estudados á luz dos princípios da igreja.
Função
A Função da literatura escolhida para ser estudada nos colégios adventistas deve levar o aluno conhecer a riqueza artística, em todas as formas da palavra escrita.
A literatura tem o propósito de proporcionar uma compreensão do significado da experiência humana. Desenvolve o apreço pela beleza de linguagem e arte da estrutura literária.
O estudo da literatura põe o aluno frente à realidade, explora interrogantes do significado e apresenta idéias dentro de seu contexto histórico. Proporciona a base para desenvolver critérios de seleção e anima os estudantes adquirir habilidades estudadas nos textos.
Além disso, a literatura deve atrair o leitor a Cristo, levar o estudante a construir e fortificar a compreensão da fé, e ajudá-lo na formação do ser humano completo espiritualmente.
Critérios
1. Gerais
A escolha de obras literárias em colégios adventistas deveria:
a. Ser arte nobre. Deve conduzir à compreensão significativa da natureza do homem na sociedade e será compatível com os valores adventistas.
b. Evitar o sensacionalismo. A exploração do sexo, da violência, do sentimentalismo excessivo, que explore somente as emoções, deve ser evitada.O texto literário escolhido deve ter uma sadia e equilibrada visão de vida.
c. Impedir o profano e outras formas de linguagem sem refinamento, ofensivo e destituído dos valores ético-cristãos.
d. Evitar elementos que valorizem o mal e diminuam a importância do bem.
e. Precaver-se das estórias simplificadas, de suspense excitante, textos dominados por contos, novelas, dramatizações da realidade. Motivar que o aluno leia, sempre. De forma significativa e reflexiva.
f. Adaptar-se ao nível de maturidade do grupo ou do indivíduo.
2. Ficção
O significado de ficção, segundo o Pequeno Dicionário Brasileiro da língua Portuguesa (11ª. Edição, 1976) é fingir, simular, inventar, fantasiar, supor, aparentar (mostrar o contrário do que é), arremedar e imitar.
Na língua inglesa, o Webster`s New Internacional Dictionary of the English Language (2ª edição, não abreviada) define a literatura de ficção, como “todas as obras de imaginação, escrita em forma de narração ou drama, especificamente, novelas e romances”.
Ficou, no entanto para muitos que o termo ficção denota formas pervertidas das obras imaginativas, tendo propósito à exaltação do pecado e da sordidez. Para outros, o termo se restringe apenas às categorias da novela e do conto.
Do exame rigoroso dos escritos de conselheira e escritora Ellen. G. White, o termo “ficção” tem as seguintes características:
a. Criam hábito ou adição.
b. Podem ser sentimentais, sensacionais, eróticas, profanas ou fúteis.
c. São escapistas, fazem com que o aluno se feche em um mundo de sonhos e dessa forma, seja incapaz de enfrentar os problemas da vida diária.
d. Incapacita a mente para realizar estudos sério. Também, dificulta que o aluno leve uma vida devocional adequada.
e. Faz com que o leitor consuma muito tempo em textos de pouco valor ético e moral.
Embora E.G.White tenha descrito de forma clara a literatura objetável, reconheceu, também, o uso legítimo, contudo limitado, de certos materiais que não se baseiam em fatos (...)
Ao se escolherem materiais literários deveriam seguir-se o conselho de Ellen G. White e evitar textos e obras que possuam características atribuídas por ela como de ficção. Com estas limitações pode-se fazer uso de algumas obras classificadas com ficção.
3. Biografias
Entre as biografias podem encontrar-se relatos biográficos, pessoas cujas idéias religiosas ou vidas pessoais não são dignas de ser imitadas. Também há biografias muito de novelescas e outras de natureza imaginativa extrema.
Todas as leituras biográficas devem ser escolhidas com cautela. Esta precaução deverá ser seguida na escolha de outras obras desta natureza.
4. Glorificação dos autores
O Espírito de Profecia aconselha que se abstenha da glorificação de autores de obras literárias (ver Counsels to Writers and Editors, págs. 173 174).
O professor deve reconhecer que certos autores não religiosos tem em seus livros sabedoria e verdade. Muitos têm escrito obras que expressam valores culturais, morais e estéticos.
“O mundo tem sido tido seus grandes ensinadores, homens de poderoso intelecto e vasto poder investigativo, homens cujas palavras têm estimulado o pensamento e revelado extenso campo ao saber. Tais homens têm sido honrados como guias e benfeitores do gênero humano. Há, porém, alguém que se acha acima deles...”. Educação, págs. 13 e 14.
A orientação profética recebida é ensinar os alunos “como escolher o bem e apartar-se do mal”. No ensino da literatura a ênfase deveria ser na captação dos valores,das percepções e do entendimento que se encontra na literatura, evitando, assim, todo tipo de glorificação dos autores.
5. Relevância
Os alunos de hoje querem que seus estudos sejam relevantes a sua experiência e a seus interesses. Ao reconhecer estes propósitos, acrescenta-se:
a. A escolha da literatura deve ser auxílio para que os alunos se tornem cristãos adventistas amadurecidos, dedicados à busca da sabedoria e da verdade, interessados no bem – estar físico e espiritual da comunidade.
b. O professor deve ajudar os alunos, nos dias atuais, a descobrir a relevância da leitura da Bíblia e dos escritos de Ellen White, nos da literatura da Bíblia e os escritos de Ellen G. White.
c. Ao reconhecer o interesse dos alunos pelos problemas humanos presentes, os colégios adventistas (principalmente os de nível superior) podem incluir obras que estimulem a percepção crítica para novos enfoques e problemas.
d. Para tanto, o professor precisa explicar de forma franca e equilibrada os vários ângulos da questão, inclusive, discutindo os aspectos que ferem a ética cristã, ressaltando possíveis desvantagens sociais, quando for o caso.
e. Quando obras que suscitem debate e discutem posicionamentos críticos, a direção e coordenadoria pedagógica devem ser informadas quanto ao propósito e métodos usados.
f. Uma equilibrada relação entre a idade dos alunos e os conteúdos a serem tratados devem ser considerados. Também deverá ser assegurado que o processo metodológico esteja em harmonia com a filosofia adventista de educação.
Tensões Docentes
Sendo que alguns alunos chegam aos colégios adventistas trazendo determinadas convicções com respeito ao tipo de obras que vão ler ou estudar, o professor precisa esforçar-se para oferecer material opcional sobre temas que conflitem com citações do Espírito de Profecia.
Ou seja, o professor deve prepara os alunos para que, passo a passo, sejam envolvidos pela cultura, atmosfera e princípios adotados pela escola.
1. O Papel do professor
O Professor de literatura em um colégio adventista deverá estar identificado com as crenças e os ideais da igreja. Estes ideais devem ser vividos e exemplificados em sua vida pessoal e profissional.
Além disso, se preocupará com a salvação de seus alunos e empregará métodos que os ajude alcançar os mais elevados objetivos de Deus. a glorificação de Deus.
O professor na rede adventista deve ser seletivo, no conteúdo, no método e nas ações. Estará sempre recordando para cada aluno os princípios expressos na Bíblia e nos escritos de Ellen White.
Tem consciência que a verdade será a melhor comunicada em um ambiente de amor, compaixão, beleza e singeleza. Sua prática docente envolve os membros adventistas do lugar onde ensina. E, por último, conhece muito bem o ambiente familiar de seus alunos e de onde eles provêm.
2. Literatura e Grupos Étnicos
Quanto à escolha de literatura produzida por tais autores.
a. Prevenir-se das características culturais de seus alunos e conhecer suas próprias razões como professor, examinando seus próprios sentimentos e prejuízos.
b. Procurar alcançar uma comunidade realista por meio de discussão de situações reais antes de dar ênfase indevida na importância da gramática, da pronúncia e de outros elementos mecânicos do idioma.
c. Conhecer aptidões e interesse de alunos de diversos grupos étnicos, para assim poder elevar as aspirações do aluno e levá-lo a realizar seu mais elevado potencial.
d. Estimulará ao aluno a sentir que sua herança cultural constitui uma importante contribuição à sociedade; portanto, não se devem criar situações embaraçosas para aqueles que desejam manter as características distintivas de sua própria cultura.
e. Estabelecer uma comunicação direta com os alunos sobre uma base individual, estimulando livre intercâmbio de idéias e ajudando a cada membro da classe a chegar à auto-realização e ser membro ativo da sociedade.
f. Escolher obras que reflitam o caráter pluralista de nossa sociedade a fim de incluir grupos étnicos.
“Professores, extirpai de vossas conversações tudo quanto não seja da mais e melhor qualidade. Mantende perante os alunos unicamente os sentimentos que forem essenciais”. Conselho aos Professores e Estudantes, p.363.
(Revisão: Jael Eneas, UEB)